Nesta sexta-feira é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, e práticas sustentáveis estão, cada vez mais, inseridas no cotidiano. Nesse contexto, um projeto criado em Passo Fundo tem inspirado cidades da Região Central. É o Brasil Sem Frestas, que recicla materiais que serão usados em casas de comunidades carentes. Em Santa Maria, uma ideia semelhante começou a ser desenvolvida ontem pela Cruz Vermelha e vai proporcionar mais qualidade de vida para as famílias, além de ajudar o meio ambiente.
A ideia e o material utilizado são simples: caixas de leite que são usadas para vedar as frestas de casas de madeira. Cerca de 14 residências da Vila Lorenzi foram as primeiras beneficiadas. Segundo Ronimar Costa dos Santos, presidente da Cruz Vermelha, o projeto João de Barro aproveita as caixas, que seriam colocadas no lixo, para proporcionar conforto às famílias.
As caixas de leite têm alta durabilidade e são resistentes. Nossa ideia é usar as embalagens para vedar as frestas e, assim, proteger as casas do frio e do vento, principalmente afirma Ronimar.
As embalagens são lavadas, abertas e grampeadas umas às outras nas paredes de madeira das casas e funcionam como um isolante térmico: protegem do frio, do vento, da chuva e da umidade. No inverno, ajudam a aquecer as casas e, no verão, fazem o sistema contrário, resfriando as residências.
Cerca de cinco voluntários da Cruz Vermelha ajudaram na ação. E 1,5 mil unidades de caixas foram arrecadadas pelos voluntários e por integrantes do Grupo de Escoteiros Augusto Severo. Não existe uma margem de quantas caixas são usadas em cada casa, já que depende do tamanho da residência e da quantidade de frestas que o imóvel possui. A vedação é feita interna e externamente.
A doméstica Teresinha Duarte, 55 anos, estava empolgada com o projeto. A casa onde mora há 5 anos foi a primeira a receber o isolante, e a iniciativa já havia sido aprovada.
Eu tenho um fogão a lenha dentro de casa, mas não adiantava nada porque, com as frestas, o ar quente saía. Agora, vai ficar tudo mais quentinho, e o calor do meu fogão não vai mais sair comemora Teresinha.
Ampliação a outras áreas
A Vila Lorenzi foi a primeira beneficiada, pois a Cruz Vermelha já trabalha com a comunidade em parceria com a Fraternidade Chico Xavier, que faz um trabalho de amparo com os moradores da região. Ronimar afirma que a expectativa é expandir o projeto para outras áreas de vulnerabilidade de Santa Maria:
Queremos levar esse conforto para outras famílias. O projeto é uma questão de saúde pública. Protege o meio ambiente, pois não jogamos o material fora, protege as casas, aquecendo o lugar, e ajuda que as famílias tenham melhor qualidade de vida.
São Sepé conta com iniciativa semelhante
Em São Sepé, iniciativa semelhante começou a ser realizada no Colégio Madre Júlia. O projeto São Sepé Sem Frestas Casas de Prata começou com a pedagoga Cátia Ferreira La Rocca, e, agora, é coordenado pela professora Suzana Freitas Kelling Scherer. O projeto ainda está na fase inicial e conta com a ajuda de 44 alunos, da 4ª e 5ª séries. Segundo Cátia, a inspiração foi um projeto em Rio Pardo, onde mais de 80 casas já receberam a vedação.
Sempre levei as questões humanitária e ambiental para a sala de aula. Quando criamos o projeto, a ideia era mostrar para os alunos que existe outro lado e pessoas que passam necessidade, pois era uma realidade que muitos deles não conheciam diz Cátia.
A pedagoga se mudou para Santa Maria, e Suzana foi quem assumiu o projeto. Cerca de 800 caixas já foram arrecadadas, e a primeira casa a ser beneficiada fica no bairro Cristo Rei. Tornar o ambiente mais aconchegante é a base do projeto, mas a iniciativa é um aprendizado social para os alunos.